Eu nunca tive um professor formado em Arte. Tive professores preenchendo carga horária. Tive professores que achavam que recortar, amassar e colar papel crepom era coisa de Ensino Médio e não de alunos do primário que tem que treinar a coordenação motora. Tive professores que davam a mesma tarefa “artística” para todos e não estimulavam criatividade nenhuma, pois era o aluno que tinha que se adequar aquela arte. “Não tá bom. Observe como os outros estão fazendo e faça como eles.” Imite os outros? Isso não me parece Arte! É claro que Arte exige certa disciplina e dedicação, mas desenhar uma bruxa sem significado só porque é Dia das Bruxas e não procurar algo mais profundo? Poucas vezes acertaram, como a vez em que a tarefa era fazer uma música. Algumas realmente surpreenderam, outras foram somente engraçadas... Mas foi uma das poucas vezes que vi alguns alunos se empolgarem. Isso que eu só estou falando das aulas de Arte. Porque vi alguns possíveis artistas, filósofos, biólogos morrerem dentro da sala de aula mesmo.
Tive aulas de Religião disfarçadas de Filosofia. Textos espirituais filosóficos, sabe? E algumas vezes (poucas, não vou negar) recebi uma correção para minha resposta pessoal, aquelas questões do tipo “na sua opinião”, sabe? Na minha opinião, nada! “Responde o que te ensinei a responder, guria!” Claro, isso tudo dito de um jeito amável e carinhoso...
Nunca fiz uma experiência no laboratório da escola. Aliás, tínhamos que copiar desenhos e textos do livro de biologia que levávamos pra casa. Era nosso por um ano, podíamos consultá-lo a hora que quiséssemos! Mas não, tínhamos que perder tempo na aula escrevendo um conteúdo que tínhamos em mãos só para “ter no caderno”. Como se o importante não fosse ter na cabeça. “Pode não ter o conhecimento na cabeça, mas pelo menos o colocou no caderno, então tudo bem.” Eu não fazia mesmo! E quase reprovei por isso! Ia às aulas, me comportava bem, passava nas provas... Mas não fazia esse tipo de tarefa, notável que é só “encheção de linguiça”.
Mas o que mais me irrita nisso é que os professores colaboram com os alunos nesses pensamentos “nunca vou usar isso”. E não dão motivos, não dão argumentos, não dizem é importante... Simplesmente dão um risinho! Na sua cara! E sabem por quê? Porque eles também não sabem o que estão fazendo!!! E como um aluno vai se espelhar ou valorizar o ensino se ele mesmo aprisiona o aluno?
Vejo gente que estudou comigo dizendo que não dá pra ter relações sexuais no período menstrual por contrair uma doença através do sangue. Vejo gente que estudou comigo escrevendo “arreceim” e “derrepente” e que não sabem que o M vem antes do P e B. Até hoje não sei encontrar o valor de x. Só o do cardápio!
E aí eu pergunto: valeu a pena fazer aqueles exercícios repetitivos e chatos? Valeu a pena descobrir depois de alguns anos que se foi feito de bobo, que se acreditou numa mentira porque não sabia como as coisas funcionavam (já que nunca ia usar aquilo mesmo)?
Eu vejo tanta gente ignorante por aí: no cabeleireiro falando que se cortar as pontas do cabelo, ele cresce mais; em e-mails falando que a cada compartilhamento de uma foto, 05 centavos serão doados para uma pessoa necessitada; no mercado falando que manga e leite dão dor de barriga; na delegacia falando que fulana foi estuprada porque estava de roupa curta; na rua falando que fulano está gripado porque se molhou na chuva... Enfim, gente deixando de fazer ou fazendo coisas por pura ignorância! Fora assuntos polêmicos, porque o que eu citei “não é grande coisa”, mas é assim que começa: uma burrice inocente aqui, outra ali, e pronto, você está de mãos atadas achando que sua atitude é boa... Como na escola! E era esse o ponto que eu queria chegar! O mundo está a merda que está porque não damos valor ao conhecimento e, pior, somos ensinados a isso. Mas e o pior do pior: Essas palavras já não atingirá muita gente justamente por acharem que não tem nada a ver com conhecimento. E também porque muita gente tem preguiça de ler.
Então fica o meu recado: Se vocês estão agindo bem, por que o mundo está mal? Reflitam! Um beijo e até ano que vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário