sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Chuva de Sorvete

E todos queriam sair, pular,
correr, se libertar.
Estavam descansando em águas azuis.
Águas limpidas, águas frescas.
E isso era errado?
Ver as pessoas passarem,
sentadas nas paradas.

E chovia sorvete naquele dia.
O tempo indicava calor,
mas todos estavam gelados.
Como num circulo: ora quente, ora frio.

E a Terra girava.
E as pessoas lá dentro giravam por consequencia.
E assim como era normal para a Terra,
não era normal para eles.

Cada egoísta no seu caminho,
cada grupo acorrentado.
Cada passo dado fora da estrada indicava apocalipse.
Cada passo errado era um tempo sem tempo.

Cada giro era normal.
Cada passo anormal.
Cada inverno era um inferno.
E cada calor infernal era um paraíso tropical.

Não havia nada de fenomenal.
E a ignorância pura era normal.
Não havia capacidade de mudança.
Não havia inteligencia para se ter esperança.

Só havia nuvens.
Nuvens de sorvete.

Um comentário:

  1. O crescimento das tuas linhas é notável.
    Lembro da primeira vez que lí um texto teu, lembro que era bem pesssoal e me senti tocado por certas coincidências.
    Mas esse...uau!
    É tão livre de qualquer memória e ao mesmo tempo tão atrelado à um sentimento universal.
    Linhas que ousam sonhar, ora quentes, ora frias. Ora doces, ora cítricas. Linhas de sorvete!
    Linhas de delicioso sorvete!

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