quarta-feira, 29 de dezembro de 2010



Ela sentia frio naquela noite quente. Ao mesmo tempo que tinha medo de sentir frio eterno, tinha prazer de sentir seu corpo descansando aos poucos. Ela não sabia que sensação era e não tinha ninguém para lhe explicar. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer. E sabia que, a que ficaria, viria nem que fosse para passar a mão na sua cabeça e vê-la ainda com vida.
Mas ela não veio.

E esperançosa, foi fechando os olhos. Ela tinha certeza de que ela viria.
"Vou tirar uma soneca e vou acordar com ela me acariciando, dizendo que vai ficar tudo bem" pensou ela.
Mas ela não veio.

Estava apenas acariciando seu passado com doces lembranças e acariciando seu presente apenas por pensamentos... E o cordão da vida foi cortado. Ela foi. Ela ficou.
Feridas em lados diferentes...

E ela com a esperança de que ela virá mais tarde... Sempre mais tarde... Mesmo quando o mais tarde for tarde de mais.

Ela não entendeu como as coisas grandiosas pudessem ser reduzidas a pó, sem mais nem menos... Apenas pó. Ridículo e cruel. E ninguém havia perguntado a opinião dela sobre isso.

E a partir daí os que estavam de fora levaram o caso a sério, já que a única coisa que levam a sério é a morte. Ela é surreal! A única coisa real que ela tinha era o amor que recebera dela. E agora, viver de mentiras, risos falsos, consolos indiferentes cumprindo com seus papéis "sociais" que não socializam nada... A única coisa que tinha real por ali era a morte e a vida que partiu. E ela ficou como um ferro entre dois ímãs. Suspensa. Confusa.

Não queria escolher entre a vida e a morte, entre o amor ou a ausência dele... Ela só queria o que era real.
E o real estava agora atrás de um véu.
Esteve o tempo todo, atrás de um véu espelhado!

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