Como um balde, esperamos até a última gota, até não poder mais, até transbordar... E quando ele transborda ficamos com medo de que não tenha outro balde ou não cheguemos a um lugar seguro para esvaziá-lo a tempo... Ficamos apavorados pensando "por que não esvaziei esse balde antes? agora vai fazer uma molhaçada legal!"
E nos preocupamos com o que vamos acabar molhando, quem se zangará com isso, porque serão muitas pessoas que se zangarão!
Pela nossa distração, terão que passar pela molhaçada, correndo o risco de resvalarem e se molharem também... Tudo porque não esvaziamos o balde antes. Tudo isso porque deixamos que acumulasse água.
Então ficamos com remorso... mas agora não temos mais tempo. É fazer ou não fazer, porque as pessoas vão ficar zangadas e isso não podemos mais mudar.
E a água cai.
E na hora de pedirmos desculpas, na hora de limparmos a água, percebemos que mesmo tendo deixado as pessoas zangadas, colocando-as em risco de se molharem também e de, quem sabe, resvalarem... Nosso chão está mais limpo!
Percebemos que se tivéssemos esvaziado, não deixaríamos as pessoas zangadas, nem colocado em risco de se molharem e resvalarem e a molhaçada jamais aconteceria, e não limparíamos nunca o nosso chão (se não tínhamos tempo para um balde, iriamos ter para o chão?).
E alguém se irritaria com a presença do balde quase sempre vazio no caminho, praticamente sem função de tão vazio... e o chutaria...
Então percebemos como as coisas se encaixam perfeitamente: Não tínhamos tempo para limpar nosso chão. Não limparíamos nunca.
E foi graças ao nosso balde que, de tão cheio, transbordou que finalmente limpamos o nosso chão.
E, finalmente, percebemos como é maravilhoso o tempo.
Paramos e refletimos.
E prometemos que, apesar do benefício causado, vamos tentar esvaziar o balde sempre que possível e limpar constantemente o nosso chão...
Mas assim como o tempo bate nos ponteiros do relógio, as gotas começam a cair e bater no fundo do balde...
Nossa vida é assim e o tempo estará observando tudo. O tempo, invisível, nos faz acreditar que não temos tempo... Mas ele está agindo silenciosamente. Passamos correndo pelo lado dele e ele nos acena, um aceno que não vemos e continua seu projeto, de trabalho, de vida, do nosso futuro...
Ignoramos tanto o tempo e corremos por ele que acabamos dando mais tempo para o tempo ajeitar nosso tempo.
E o tempo que está aqui, é o tempo que estará lá, mais adiante. E ele sorri para nosso desespero, ele sorri ironicamente, porque já tem um plano... Mas não conseguimos ouvi-lo no meio de tanta correria e no meio do som de pingos que caem no balde...
PING
Ele sorri.
PING.
Ele nos sorri.
Isso me lembrou uma música : " E então, se tu passa em branco eu vou prezar a dor da minha angústia e no olhar saber que o tempo vai ter que esperar o tempo engatinhar, do jeito que eu sempre quis. "
ResponderExcluirÉ, de gota em gota, se enche o balde, e de balde cheio se limpa um chão que estava imundo. :)
Que apólogo maravilhoso!
ResponderExcluirMe lembrou a história dos amigos de terra e dos amigos de cimento, na história também somos o balde que vai se enchendo, e quando transbordamos nossa água( problemas, vivências, segredos) atingirá o chão (amigos), se eles forem feitos de terra, absorverão boa parte das nossos problemas, tentando nos ajudar com a limpeza, guardando nossos segredos para si, se forem de cimento, nossa água se espalhará em várias direções, ninguém terá interesse em ajudar a limpar, com sua superfície lisa apenas contribuirão para que nossos problemas aumentem e nossos segredos se espalhem para direções indesejáveis. Enfim, era mais ou menos isso a história, mas quem me contou sabe explicar melhor. rsrsrs
Parabéns pelo talento!!