Hoje descobri algo sobre mim mesma e queria compartilhar com vocês!
Quando eu era criança sempre fui criticada por não falar muito. Quando as pessoas me perguntava algo eu respondia com sim ou não e o assunto morria. Ninguém conseguia decifrar o assunto que estava rolando no telefone através de minhas respostas (aham, sim, não, sim, sim, não, aham, sim).
Quando eu era criança sempre fui criticada por não falar muito. Quando as pessoas me perguntava algo eu respondia com sim ou não e o assunto morria. Ninguém conseguia decifrar o assunto que estava rolando no telefone através de minhas respostas (aham, sim, não, sim, sim, não, aham, sim).
Mas hoje noto que ninguém me fazia perguntas abertas, só me faziam perguntas de sim ou não, ora bolas, então queriam que eu respondesse o quê? E como me acostumei a dá-las, quando me faziam perguntas abertas eu precisava que especificassem o que queriam saber.
Em outras épocas eu reproduzia, com certo orgulho, o discurso que eu ouvia dos outros de que “a Érica é tão quietinha”. Isso me tornava especial, pois se eu ERA assim, então era uma característica minha e ninguém poderia ser igual a mim. Mas ao mesmo tempo eu pensava “já que sou assim mesmo, então não há nada que eu possa fazer em relação a isso”.
E apesar de eu perceber isso hoje, hábitos não mudam da noite para o dia.
Se você nasceu num parto tranquilo e não abriu o berreiro por estar confortável ou sonolento, você será eternamente o quietinho. Isso porque as pessoas vão começar a falar “ele é tão quietinho” e qualquer agitação a seguir será por qualquer outro motivo. Quando falamos para um criança que ela é de um jeito, nós meio que profetizamos, nós fazemos com que ela assuma aquele papel. Nenhuma criança chamada de pestinha, chora. Ela ri e continua importunando.
Parece que quando os pais dizem, a criança ganha o aval para ser daquele jeito. Não querendo tirar o mérito da personalidade própria e da genética, mas a criança acaba entendendo que ela tem permissão para ser assim. Chamar a criança de burra, inteligente, comportada, mal-educada meio que isenta o responsável de educar e se dedicar, porque no momento em que a criança É tal coisa, nada se pode fazer. Sempre que eu fazia algo ruim, meus pais diziam "por que tu fez isso, Érica? tu não é assim, tu é uma guria responsável, educada, comportada..."
Hoje sei que era uma tática de manipulação e quando alguém diz "mas tu não pode dar bola para isso, tu é mais madura que ela, não se vingue..." eu falo "hahahaha, sou sim, sou igualzinha a ela, porque eu tenho que ser sempre mais que os outros? só para aturar tudo quieta? Nem pensar, bateu, levou!"
Ok, não sou tão vingativa assim, mas hoje entendo e, claro, já adulta tenho meus princípios. Então sei quando devo ser uma coisa e quando devo ser outra. E quando não sei eu digo que não sei.
A margem para uma criança responder “não sei” não existe. “Como não sabe? Tem que saber!” Realmente, tem que saber, mas muitos pais dizem “tem que saber” ao invés de “pesquisem para saber”. Como a criança só tem conhecimento de sim e não, ela vai acabar mentindo porque ela “tem que saber” e leva essa lição para a vida adulta com muita opinião e pouca informação. E nós só podemos quebrar nossas correntes quando sabemos onde elas estão e do que são feitas para avaliarmos qual a forma mais fácil de arrebentá-las.
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