domingo, 10 de abril de 2011

Mestres e Aprendizes

É chato ter que começar um texto dessa forma, mas como não trabalho num jornal e esse é um blog pessoal que apenas pessoas do meu convívio leem, acho justo esclarecer que não estou generalizando! Só não vou ficar me desculpando a cada começo de parágrafo dizendo "a maioria isso", "a maioria aquilo", "não que todo mundo seja assim, mas..." para não perder o foco, ok? Então podemos prosseguir!

Até hoje eu não gosto de ser obrigada a fazer algo que não me pareça ter sentido. Eu não sou burra. Pode me explicar o porquê. Mas como diz o velho conselho: Respeite os mais velhos.

Não porque são velhinhos indefesos, mas sim porque eles tem vivência, experiência.

Isso quer dizer que temos muito o que aprender e que nunca chegaremos ao mesmo nível intelectual deles.

Tá certo. "Temos muito o que aprender". Mas por que não aprender já com eles?

Quando você aprende a andar, o mais velho já sabe pular corda. Quando você aprende a pular corda, o mais velho já sabe saltar com vara. O tempo coloca essa barreira.

Quando o mais velho olha para trás na linha do tempo, ele vê você o seguindo e
pensa estar vendo ele mesmo. Mas o tempo não volta. E ele vai querer te guiar para o caminho que ele sabe que é seguro.

Então você vai olhar no fundo dos olhos do mais velho e perguntar:

- O QUE NOS UNE?

Eles dizem que entendem. No entanto, parecem pálidos. Frios e distantes. De uma outra época. Eles dizem confiar em você. Porém, não deixam você fazer algo, porque têm medo que te aconteça algo ruim.

Eles dizem que entendem porque eles vêem em você, o que foram um dia. Não o que você é, de fato!

Eles dizem ter conhecimento e experiência de vida, mas nunca poderão entender seu mundo. Você é tão recente para você, quanto é para eles. Eles não podem ter anos de experiência sobre seu ser mais do que você mesmo. Eles podem ter conhecimento dos caminhos, das escolhas, do meio em que vivem, viveram, viram...

Eles dizem que confiam em você porque eles confiam neles mesmos.

Quado você mente, eles participam da mentira. Eles mentem também simulando acreditar. Isso vos une porque não é real. Não é uma realidade individual.

Por que mentiríamos se não pensássemos que as pessoas podem acreditar? É uma rede. Você precisa de um receptor. E a mentira é o código. E, independente do receptor, o código será quebrado. E aí sim, torna-se uma realidade individual. A mentira será interpretada, como qualquer mensagem. Uns podem acreditar, outros não. Esses momentos de ligação atendida e ligação perdida acontecem por M motivos: não é a mesma operadora; não é a mesma área; não é o mesmo número antigo...

Do outro lado está diferente.

Mas esses momentos de conexão caem de vez em quando, porque, de fato, não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Mexer com o tempo é perigoso. Então quando questionamos algo que eles nunca questionaram na nossa idade, eles pensam se fará bem responder naquela hora. Afinal, eles aprenderam bem depois e deu certo, para que esclarecer aquela dúvida agora? E ficam com medo de mexerem "no passado". Eles não querem alterá-lo se assim for melhor para eles. Então não respondem. O que causa indignação ao mais novo que quer aprender um pouco mais sobre a vida com esses a quem intitulava "mestres".

Mas quando questionamos algo que eles gostariam que tivessem respondido para eles anos atrás, eles nos dizem, para "melhorar seu passado" e consequentemente "seu futuro".

Eles vão fazer o que acham certo, independente do que seja certo para você.
Então quando fazemos algo diferente do que os mais velhos faziam, eles ficam perplexos, como se estivessem se perdido no tempo por uma frações de segundos e os pensamentos tornam-se variados:

"Onde foi que EU errei?"

"Como EU não pensei nisso antes?"

"Não acredito que FIZ isso!"

"Que orgulho! Que gratificante!"

"Tudo que EU aprendi foi em vão?"

Eles esquecem que são outras vidas. Eles se transportam e tomam conta da situação.
Eles querem mudar o que nunca aconteceu. E querem continuar algo que nunca nem sequer chegou a começar. São outros passos.

Eles não querem revolucionar. Eles querem apenas melhorar e acreditar naquela mentira que pode unir instantaneamente o passado e o futuro no presente.

Eles esperam pelo dia em que os mais novos ficarão mais velhos para entendê-los. Mas talvez esse dia nunca chegue. Assim como talvez um dia ele chegue.

E os mais novos esperam pelo dia em que os mais velhos percebam que eles são vidas diferentes. Talvez esse dia chegue. Talvez não.

Eles lutarão contra o tempo para mostrar quem estava certo e quem estava errado. Mas o tempo não fará nada. Não deixará o silêncio falar sabiamente com gloriosa vitória àquele que teve de tudo para acreditar que estava certo e nem gritará rudemente ao que errou.

O que realmente fará alguma coisa são eles próprios, para mudar o tempo. O tempo não mudará eles. O tempo é só um limite que você tem para mudar alguma coisa.

Ninguém somente com o tempo mudará. Mudará se passarem por circunstâncias modificadoras DURANTE o tempo. O tempo é uma passagem.

E se estamos a apenas algumas gerações a ponto de ainda nos encontrarmos em vida e os mais velhos ainda acham que tudo está tão igual a ponto de se confundirem no tempo, será que já não é hora de mudar?

E quem fica encarregado de saber o que é certo e errado para a próxima geração?
E nesse meio tempo, quantas vidas que tinham de tudo para ajudar na próxima geração já não se perderam no tempo lutando contra ele? Quantas vidas já não SOFRERAM, já não "contaminaram" OUTROS?

E enquanto o passado e o presente continuarem tendo como conexão a mentira de que um tem que ter mais razão que o outro achando isso uma mentirinha inócua, é assim que vai ser. Apenas corrigindo seu passado que para outro é sua grande chance de futuro...

Há de se pensar o que te faz mestre e o que te faz aprendiz para que as gerações ensinem e aprendam umas com as outras.

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